Primeiro
vamos entender o que é Emancipação.
Emancipação
é quando uma comunidade sai da condição de distrito de outro município e
conquista o direito de também ser município, passando assim, a ter sua
independência administrativa, a ter prefeitura e prefeito, câmara de vereadores
e demais órgãos administrativos. A data em que este distrito se desligou da
cidade polo e passou a ser um município independente passa a ser comemorada
como a de sua Emancipação politica.
Emancipação de Tocos do Moji
Apesar do progresso e aumento da população, Tocos do Moji até então não passava de mero subdistrito da cidade de Borda da Mata. Em 1962 começou a surgir um assunto muito discutido pelos lideres políticos da época, a emancipação. Nesta mesma época vários municípios da região como Senador José Bento, São Sebastião da Bela Vista, Consolação, Inconfidentes, Itapeva, Albertina e outros foram emancipados. Mas, com a revolução de 1964, a Lei foi alterada e as emancipações ficaram inviáveis.
Com
isso, por mais de 20 anos nenhum município foi emancipado, a não ser Itaú de
Minas no Sul de Minas foi emancipado em 1987. Em 1988, as esperanças se
reacenderam, uma nova Constituição Federal delegou aos Estados a legislação
para emancipações.
No ano
de 1991 os lideres políticos de Tocos do Moji começaram a amadurecer a ideia de
Emancipação e no início do ano de 1992, o Deputado Estadual José Militão
encaminhou a Lei que possibilitava a emancipação de Tocos do Moji e uma das
exigências seria que esse Distrito tivesse 3.000 eleitores, como o distrito não
tinha esse numero de eleitores, procuraram o então Juiz de Direito de Borda da
Mata Dr. Amaury para que autorizasse a fazer transferências de títulos
eleitorais necessárias.
O
Juiz autorizou o Cartório Eleitoral a entregar os formulários para efetivar
assim as transferências de Títulos Eleitorais, assim, inúmeras pessoas da comunidade
começaram a solicitar aos seus parentes que residiam em outros municípios para
que transferissem seus títulos. Após um grande esforço de toda comunidade, com
liderança do Sr. Antonio Rodrigues, Dr. Donato, Sr. Jesus Vicente Pereira, Sr.
Zé Bastião, Sr. José Vitor da Rosa (Zezinho), Sr. Antonio Amaury da Rosa, Sr.
Sergio Henrique da Rosa e outros tantos companheiros, conseguimos chegar a
3.000 eleitores.
Entretanto,
como a emancipação era um trabalho feito por políticos adversários do Prefeito
na gestão Sr. Chiquito, este entrou com processo denunciando as transferências
de títulos e assim a emancipação foi abortada, porque todos os títulos
transferidos foram colocados sub júdice e desse modo não tinham o número de
eleitores necessários para a emancipação.
Diante
da decepção da população de Tocos do Moji, o Deputado José Militão se
prontificou em alterar a Lei, com a diminuição de 3.000 para 2.000 eleitores, e
assim ele fez, graças a seu prestigio político junto aos deputados na
Assembleia Legislativa e junto ao Governador Eduardo Azeredo.
Assim,
em fevereiro de 1995 o Deputado José Militão encaminhou a documentação e com
isso foi iniciado os trabalhos visando a emancipação de Tocos do Moji que nesta
época contava com 2.467 eleitores.
Em
12 de março de 1995 a Comissão de Emancipação foi eleita pelos cidadãos de
Tocos do Moji. Composta por Antonio Rodrigues da Silva – Presidente, Sebastião
Claret de Almeida – 1º Vice Presidente, Ademir Menezes Cantuária – Secretário,
João Domingos da Silva – 2º Secretário, Olavo Roberto Braga – 3º Secretário,
José Vitor da Rosa – Tesoureiro, Justiniano Vicente Pereira – 2º Tesoureiro e
os Suplentes: Benedito Raimundo Pereira, José Carlos da Rosa, Antonio Ricardo
Alves, José Armando Pereira, José Ãngelo da Rosa, Vicente Pereira, José Maria
da Silva e Benedito Bento da Silva.
Formada
a Comissão de Emancipação foram providenciados todos os documentos que a Lei
exigia e no mês de maio de 1995 encaminhados para a Assembleia Legislativa. No
mês de agosto foi marcado o plebiscito para o dia 22 de outubro, sendo assim,
iniciaram a campanha pelo SIM com a produção de propagandas em rádios da
região, adesivos e palestras. Os trabalhos também eram feitos nos bairros, onde
cada equipe ficava responsável por um, aproveitando as missas nos bairros
faziam pequenas palestras mostrando as vantagens da emancipação.
Contudo,
nos bairros Moji, Paredes, Pinhal Redondo e Espraiado, a população e os líderes
locais eram totalmente contra a emancipação de Tocos do Moji e chegavam a dizer
que “Nasci em Borda da Mata e quero morrer em Borda da Mata”. O trabalho contra
a emancipação nesses bairros era liderado pelo Vereador Benedito Torquato e
pelo fazendeiro Celso Rufino, por outro lado a Comissão de Emancipação tinha um
amigo colaborador, o jovem e talentoso Padre Elprinio que abria espaço em suas
missas para mensagens de esclarecimento sobre a emancipação.
Mas,
durante a campanha pela emancipação surgiram comentários de que algumas pessoas
dos bairros contra a emancipação e seus lideres iriam fazer uma denúncia em
Belo Horizonte com o intuito de cancelar o plebiscito e consequentemente não
haver a emancipação. A Comissão procurou estas pessoas e foi marcada uma
reunião na casa do Prefeito Carlinhos Cobra, reunião está para mostrar que a
emancipação traria desenvolvimento e progresso para o município e que toda população seria
beneficiada. Mas nada disso adiantou, pois através das lideranças que já haviam
sido contra a emancipação em 1990, foi feita uma denuncia junto ao Tribunal
Regional Eleitoral, visando cancelar o plebiscito com a alegação de que Tocos
do Moji não possuía 400 casas, item esse exigido pela Lei.
Com
isso, pode-se dizer que o dia 12 de outubro de 1995, dia de Nossa Senhora
Aparecida tornou-se um dos dias mais tristes para muitos dos cidadãos de Tocos
do Moji, pois o plebiscito foi cancelado, o sonho da emancipação foi derrotado.
Pessoas procuravam a Comissão de Emancipação, desesperadas, revoltadas,
querendo entender e saber o que faríam diante do cancelamento do plebiscito,
alguns dos líderes acharam que a ideia deveria ser abandonada, para que não
houvesse mais desgaste com as lideranças de Borda da Mata que eram contrárias a
emancipação do Distrito de Tocos do Moji.
Mas,
o Presidente da Comissão de Emancipação, o Sr. Antonio Rodrigues não deixou a
perda de aquela batalha consolidar a derrota daquela luta, ele acreditou que
poderiam reverter a situação e que Tocos do Moji chegaria a tão sonhada
emancipação. Assim, imediatamente procuraram o Deputado José Militão então
Secretário de Estado da Secretária de Assuntos Municipais, pessoa com grande
prestígio junto ao Governador Eduardo Azeredo, solicitado para que mais uma vez
atuasse em favor do Município.
Após
três dias do cancelamento do plebiscito, o Sr. Antonio Rodrigues, Sr. Antonio
Jacinto Braga ( Antonio Abrão ), Sr. Walmir Carlos da Rosa e o Sr. Lapenha
seguiram em viagem com recursos próprios para Belo Horizonte, com o intuito de
entrarem com recurso junto a Comissão da Assembleia Legislativa que respondia
pelas emancipações. Passado alguns dias da entrada do recurso, a Comissão da
Assembleia resolveu fazer uma visita para verificar in loco as condições do
ainda distrito Tocos do Moji, composta pelos Deputados Ivair Nogueira, Sr.
Dilzon Melo, Sr. Bilac Pinto sob a liderança do Secretário e Deputado José
Militão recepcionados em Pouso Alegre pelo Sr. Antonio Rodrigues e recebidos em
Tocos do Moji com um almoço na Casa Paroquial, logo após quiseram conhecer o
bairro dos Fernandes, com isso, levaram uma ótima impressão das comunidades.
Depois
de alguns dias, a Comissão aprovou todos os requisitos para que a emancipação
ocorresse e solicitaram que o TER marcasse um novo plebiscito, o Sr. Antonio
Rodrigues e alguns membros da Comissão de Emancipação junto com Deputado José
Militão estiveram algumas vezes na Assembleia Legislativa e na presença do
então Governador Eduardo Azeredo, sensibilizando-os sobre a necessidade da
emancipação de Tocos do Moji, pois tinha todas as condições para gerir e
definir seu futuro.
Foi marcada
nova data para o plebiscito, o dia 26 de novembro de 1995 e com isso
imediatamente foi reiniciada a campanha pelo voto SIM, pois ainda havia grande
movimento pelo voto NÃO nos bairros Espraiado, Moji, Paredes e Pinhal Redondo,
e se o voto SIM perdesse a emancipação não aconteceria.
Ao
termino das votações, as urnas foram abertas e o SIM venceu com 1.434 (60,70%)
contra NÃO com 449 (19,00%), votos nulos 36 (1,55%) e brancos 11 (0,47%). Vencido
o plebiscito, a população aguardou com ansiedade a publicação que daria a
Emancipação a Tocos do Moji, o que aconteceu no ultima dia que poderia
sair a publicação, assim, no dia 29 de dezembro de 1995, o Governador Eduardo
Azeredo sancionou a Lei 12.050 que desmembrava o então Distrito de Tocos do
Moji de sua sede, Borda da Mata, e determinava sua autonomia política e
administrativa, a única sancionada pessoalmente pelo Governador Eduardo
Azeredo. Neste dia, Tocos do Moji foi festa e alegria, momento indescritível
que só quem viveu seria capaz de descrever.
Com o plebiscito a população demonstrou que desejava sua independência politica e dirigir seu destino de acordo com seus próprios anseios, o que nem sempre coincidia com os interesses da sede, distante 20 km. Mesmo com a emancipação, em 1996 o Município ainda ficou sobre o governo e administração de Borda da Mata, com Gestão do Prefeito Luiz Carlos Cobra. Borda da Mata não receberia os tributos desta região, assim, demonstrou total desinteresse pelo curso da historia de Tocos do Moji, ocasionando um ano de dificuldades.
Neste
mesmo ano aconteceu a primeira eleição, num acordo entre as lideranças do PMDB
e do PFL, assim foi fundado o PSDB, partido do então Governador Eduardo Azeredo
e do Deputado José Militão, ficando acordado que se teria um candidato único
para as eleições, sendo o candidato a prefeito oriundo do PMDB e o vice do PFL.
Sendo
indicado a Prefeito o Sr. Antonio Rodrigues da Silva, foi feito ao Sr. Ademir
Menezes Cantuária o convite para ser o Vice Prefeito, recusado na época, assim,
o convite se estendeu ao Sr. José Armando Pereira, que também foi um dos
idealizadores da Emancipação e que de pronto aceitou. A chapa de vereadores foi
composta atendendo as forças politicas de Tocos do Moji, tendo apenas 10
candidatos.
A
primeira eleição aconteceu no dia 01 de outubro de 1996, elegendo com 1.725
votos o Sr. Antonio Rodrigues da Silva prefeito e o Sr. José Armando Pereira
como vice e os vereadores Sr. Alcino Jacinto Braga, Sr. Antonio Amaury da Rosa,
Sr. Antônio Pereira da Silva, Sr. Benedito Raimundo Pereira, Sr. Darzi
Cantuária, Sr. José Bento da Silva, Sr. José Vicente Alves, Sr. José Vitor da
Rosa e o Sr. Ronaldo José Leandro, ficando como suplente a Sra Dalva Ana Maria
da Silva.
Depois
de um ano da emancipação de Tocos do Moji aconteceu a instalação do Município e
posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores, que teve inicio no dia 31 de
dezembro de 1996 com uma missa celebrada pelo Padre Elprínio Sebastião Flauzino,
e continuou no dia 1º de janeiro com uma grandiosa festa popular em Praça
Pública, com queima de fogos e shows para comemorar a instalação da mais nova
cidade do sul de Minas Gerais. A solenidade de posse foi presidida pelo Juiz
Mário Lúcio Pereira, da comarca de Pouso Alegre, que ressaltou que o
crescimento de Tocos do Moji justifica plenamente sua emancipação. O presidente
da Câmara Municipal José Vitor da Rosa, que foi aclamado por todos os
vereadores empossou o Prefeito Antonio Rodrigues da Silva e seu vice José
Armando Pereira.
Com
conhecimento de todas as dificuldades iniciais que iriam exigir de todos muitos
sacrifícios e determinação o Prefeito Antonio Rodrigues e seu Vice-José Armando
enfrentaram o desafio dos primeiros passos para começarem os trabalhos frente
ao novo Município.
Iniciariam
as atividades administrativas no dia 1º de janeiro, como o Município não
dispunha de nenhum recurso, dinheiro, sede e moveis a primeira iniciativa foi
alugar um salão onde funcionava uma lanchonete, e o proprietário emprestou
mesas e cadeiras. Com o local da sede já estipulado, o Sr. Antonio Rodrigues
formou sua equipe de trabalho, convidando o Sr. Hélio Carlos de Faria (
Helinho) para assumir a Contabilidade da Prefeitura e da Câmara Municipal, a
Sra Cleide Maria Braga Nogueira para assumir o Departamento de Educação, Srta
Elisangela para o Depto de Saúde, vindo a ser substituída pela Sra. Cecilia
Maria da Silva, Srta. Terezinha Maria Braga como Secretária Administrativa da
Prefeitura e da Câmara Municipal e o Vice Sr. José Armando se prontificou a
administrar as estradas e os poucos funcionários deste setor.
Assim,
a Prefeitura de Tocos do Moji iniciou os trabalhos frente ao novo Município,
onde o transporte de doentes era feito no carro particular do Prefeito, a
coleta de lixo e a operação tapa buracos eram feita pelos veículos do
Vice-Prefeito Sr. José Armando, o Sr. Claudemir Mariano da Silva (Mirinho)
ajudava com seu velho caminhão basculante.
Tudo
isso acontecia com a prefeitura sem um real no caixa, aguardando com ansiedade
o primeiro credito de ICMS do Município, e qual não foi a surpresa, quando foi
creditado apenas R$ 112, 13 no dia 07 de janeiro. Passado o primeiro impacto,
Prefeitura e Câmara trabalharam harmoniosamente numa parceria em prol do
Município, iniciaram um trabalho de administração que foi dita como modelo em
toda região. Pois, investir na qualidade de vida da população passou a ser
prioridade dos administradores.
Para
os seus habitantes, a emancipação do Município era um sonho antigo, que começou
a se concretizar através do Prefeito Antonio Rodrigues, quando presidente da
Comissão de Emancipação de Tocos do Moji. “A luta pela emancipação do município
foi árdua e cheia de expectativa, mas conseguimos realizar o sonho da
comunidade”.
Além desse Blog deixar bem claro suas propostas (pra quem nao conhece Toninho Rodrigues ele não faz promessas ele cumpre), também é uma ótima opção para pesquisas, principalmente as nossas crianças que nao conhecem a verdadeira história da Emancipação de Tocos...
ResponderExcluirParabens pelo Blog !!
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