O Vilarejo
Podemos
começar a historia de Tocos do Mogi¹ por volta do ano de 1845, quando Pedro
Felipe da Rosa e Neco Fabrício vindo dos arredores de Cambuí, desbravaram
densas matas, subiram e desceram serras, eles encontram grande área para
plantio, local banhado por dois volumosos rios e fundam um povoado.
A 8
km abaixo das primeiras nascentes dos rios, em meio às montanhas, eles se
afazendaram, Pedro ao lado esquerdo do rio e Neco ao lado direito, encantados
pela beleza do lugar se aventuraram a uma expedição descendo as margens do rio
e percorrendo as redondezas, assim, encontraram nativos daquele lugar, uma
pequena família de Bugres. Segundo informações, tinham pele escura, eram
corpulentos, eles pouco falavam, resmungavam e assustados andavam a espreita.
Após a familiarização, Pedro atentou em leva-los para movimentar a fazenda, e
assim, passaram a ajudar nas plantações de milho e mandioca.
Parentes
e amigos de Pedro e Neco seguiram o mesmo caminho, vindos de Cambuí, instalaram-se
junto a eles. Contam que, Dona Brandina, mulher de Pedro Felipe, foi ajeitando
as mulheres da pequena família primitiva para o trabalho, esta família ficou
conhecida como “os Coeios”.
Então
a fazenda foi crescendo, muita lavoura de cana, milho e mandioca, engordavam
muito porco, criavam carneiros. Possuíam engenho e monjolo em cada casa, onde
faziam muita rapadura, polvilho e se torrava farinha.
Uma
das mulheres da família “Coeio”, conhecida como Raquel, viveu segundo se conta,
30 anos a torrar farinha e o fazia com perfeição, da família dos “Coeio” só uma
se casou, os outros aos poucos foram morrendo.
Com
as noticias de prosperidade, outras famílias chegaram de Cambuí, os Bentos,
Quinzótes e Custódios, e junto com as famílias dos Fabrícios e Rosa, casavam
entre si. Assim, as terras eram divididas e arrendadas, formando o Vilarejo de
Tocos do Mogi¹.
A
primeira capela foi construída nos arredores da fazenda de Vicente Garcia da
Rosa, onde rezou – se algumas novenas e começaram – se algumas festas. Até que
se enterrou nesta capela uma mulher que morreu de “bexiga”, doença corriqueira
na época. Então, os moradores com medo do contágio da doença nunca mais rezaram
na Capelinha, tratando logo de construir uma igreja maior para seus fiéis. Em
lombo de burro ou a cavalo eram feitas as longas e as curtas viagens. Pedro
Fabrício da Rosa homem de muita fé e algumas boas posses, juntou um saco de
moedas e foi para Aparecida do Norte comprar uma Santa para o pequeno Vilarejo.
Trouxe então uma imagem de Nossa Senhora Aparecida que existe ainda hoje na
igreja Matriz de Tocos do Mogi¹. Assim, foi necessário fazer uma igreja, com a ajuda
de toda a comunidade, ali existente, ergueu – se uma Capela que data – se do
dia 18 de julho de 1919 a lavra da escritura de doação do patrimônio da Capela,
assinada por Pedro Fabrício. Nesta Capela celebrou – se algumas missas por
padres vindos de Borda da Mata. Por volta dessa época inicia – se uma banda de
música, os instrumentos foram comprados através do dinheiro arrecadado através
de quermesses realizadas pela comunidade local, e um maestro de fora foi
contratado.
Antiga praça de Tocos |
Apresentação da Banda de Tocos |
Até
então, Tocos do Mogi¹ pertencia ao Município de Pouso Alegre. Os assuntos de ordem
religiosa como batismo, enterro, casamento eram tratados em Borda da Mata. Na administração
do Sr. Raul Cobra em Borda da Mata, o Vilarejo Tocos do Mogi¹ passa a ser
Distrito de Tocos do Moji passando a pertencer ao município de Borda da Mata em
02 de março de 1938.
1º Mudança na praça |
Na
gestão do Prefeito Luiz Carlos Cobra, o Distrito de Tocos do Moji se emancipou
o que ocorreu no dia 29 de dezembro de 1995. Mesmo com a emancipação, em 1996 o
Município ainda ficou sobre o governo e administração de Borda da Mata. No
mesmo ano de 1996, aconteceu a 1º eleição e em 1º de janeiro de 1997 tomou
posse o Dr. Antônio Rodrigues da Silva como primeiro prefeito de Tocos do Mogi¹.
¹ A mudança ortográfica de Mogi para Moji >> Ver abaixo
Origem do Nome
Há
diferentes versões para a origem do nome Tocos do Mogi, a primeira conta-se que
Bandeirantes vindos da região de Moi Guaçu, subiram às corredeiras do rio Mogi
a procura de ouro. Estes já conheciam o rio pelo nome de Mogi que significa rio
e Guaçu que significa grande, na língua nativa dos índios que pertenciam a está
região. A polêmica seria a palavra Tocos que em grego significa nascente, ou
seja, nascente do Rio Moji, outra versão seria Tócos de tocos de árvores, pois,
contam que a vegetação de Tocos do Mogi era constituída essencialmente por araucárias
e outras árvores de madeira de lei que eram vendidas a fabricantes da época. Com
isso, a parte mais plana do Vilarejo foi ficando conhecida na região por Tocos,
isso, pelos tocos das árvores que ali restavam. Conta-se que, naquela região
havia enormes árvores e araucárias muito grossas e que era necessário fazer mutirões
para derrubar uma, e que ao cair estremecia o chão.
Origem e Grafia do Topônimo
Ortografia "Mogi" para "Moji"
A mudança da forma de escrita ortográfica do nome "Mogi" para "Moji", aconteceu depois da Emancipação, com o conhecimento do Decreto nº 14.533 de 18/01/1944.
Em 1926, houve um Congresso Internacional de Geografia no Rio de Janeiro. Nesse Congresso, discutiu-se entre outros assuntos, a grafia dos topônimos de origem indígena - nomes que não tem forma vernácula.
Geógrafos do mundo inteiro tiveram por principal tema a representação dos fonemas: j; x; ç, que aparecem nas línguas indígenas da América, da África, da Ásia e da Oceania.
Por unanimidade, esses cientistas chegaram a um acordo: - Palavras indígenas em que aparecem os citados fonemas, devem ser escritas com as letras: j; x;ç. Esse Parecer foi enviado a Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa.
As duas academias aceitaram a sugestão dos geógrafos e essas regras se incorporaram na Convenção Ortográfica entre o Brasil e Portugal que, pelo Decreto nº 14.533 de 18 de janeiro de 1944, impõe obediência.O decreto supracitado só admite outra forma ortográfica se ela for tradicional, histórica ou secular.
Mogi - assim escrito, não é tradicional, não é histórico, não é secular.
O nome de nosso rio já foi escrito de muitos jeitos: Mogy-Guassú; Mogy Guaçú; Mogi Guassú; Mogyguassú; Mogi Guaçu; Moji Guaçu.
A regra nº 42 da Convenção Ortográfica não admite meia-tradição, meia-história, meio-secular.
O artigo III, do acordo luso-brasileiro reza: "De harmonia com o espírito desta convenção, nenhuma providência legislativa ou regulamentar sobre matéria ortográfica deverá ser de futuro posta em vigor por qualquer dos dois governos sem prévio acordo com o outro, depois de ouvidas as suas academias".
Moji com "j"
A língua falada pelo Brasil-Colônia, mistura de português do colonizador, da língua indígena dos primitivos habitantes, dos africanismos, dos falares vulgares e das línguas trazidas pelos grandes grupos étnicos que se estabeleceram, chegou às primeiras décadas do século XX necessitando de medidas disciplinadoras, principalmente em sua ortografia, a fim de ser instrumento apto, confiável e capaz de estabelecer comunicação precisa e eficiente para um povo em busca de sua real liberdade, hegemonia e progresso.
Com base no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia de Ciências de Lisboa (1940), surge no Brasil o Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado unanimemente pela Academia Brasileira de Letras no dia 29 de janeiro de 1942 e, posteriormente, ratificado na Convenção Ortográfica celebrada entre Brasil e Portugal em 29 de dezembro de 1943. Este acordo entrou em vigor com o Decreto nº 14.533 de 18 de janeiro de 1944, em caráter nacional, que, em seu artigo III, diz: “...nenhuma providência legislativa deverá ser, no futuro, posta em vigor por qualquer dos dois governos, sem prévio acordo com o outro, depois de ouvidas as duas Academias.". Em 1971, a Lei 5.675 promove-lhe três alterações:
- o uso do trema nos hiatos tônicos;
- o uso do acento diferencial;
- o uso do acento circunflexo e grave na sílaba subtônica dos vocábulos derivados.
Graças ao Vocabulário Ortográfico houve uma grande simplificação e disciplinamento na ortografia da língua, quer nos nomes próprios ou comuns, porque, caso contrário, até hoje se escreveria, por exemplo: asthma para asma, psalmo para salmo, pharmacia para farmácia, gymnasio para ginásio etc. E os nomes próprios seriam: Brazil para Brasil, São Luiz para São Luís, Minas Geraes para Minas Gerais, Jundiahy para Jundiaí, Parahyba para Paraíba entre outros. Note-se que estes são nomes realmente históricos de lugares seculares e que souberam, perfeitamente, se adequar à Ortografia Oficial exigida, que emana de leis federais e que devem ser cumpridas em todo Território Nacional, posto que não existe ortografia regional ou municipal.
A partir desse Acordo, a língua portuguesa organizou-se e, nos seus muitos artigos, elucidou dentre outros aspectos: o Alfabeto, a Divisão Silábica, o Uso das Letras , a Ortografia dos Vocábulos e o Uso dos Nomes Próprios.
Quanto aos nomes próprios, quer Topônimos ou Antropônimos (nomes de lugares e de pessoas) diz o Acordo: “...de qualquer natureza, portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os nomes comuns.”.
Assim, o Acordo orienta que, com relação aos tupinismos, africanismos ou palavras exóticas, deve-se escrever:
- Com “c” ou “ç” os vocábulos em que ocorre o som “cê”: Juçara, Jaci, Iguaçu, Jacira, Iracema, Piracicaba, Muçum, voçoroca, araçá, uruçu, maçaranduba e outros;
- Com “j” os vocábulos em que ocorre o som “jê”, por exemplo: jiboia, pajé, pajurá, Jataí, Jequié, mujangue, pajelança, jenipapo, muirajuçara, Jerumirim, Moji;
- Com “x” o som “xê”, como em : xará, xuri, Xavante, xué, xuê-guaçu, xopotó, uxipuçu, Xingu etc.
Evidencie-se que, no uso do hífen, dizem os Acordos de 1943, 1971 e 1990 que, nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani, que representem formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim só haverá hífen, como exceção, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: aimoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, jacaré-mirim, Guajará-mirim, xuê-guaçu e outros.
Como sufixo é forma presa ao radical que modifica, a não ser na exceção supracitada, conclui-se que se grafam corretamente: Botumirim (MG), Ibitimirim (MG), Itapemirim (ES), Guapimirim (RJ), Manhumirim (MG), Itajimirim (BA), Javarimirim (PA), Ibimirim (PE), Paramirim (BA), Guamirim (RS), Ipaumirim (SE), Ipumirim (SC), Jurimirim (SP), bem como: Ipuaçu (SC), Ipaguaçu (CE), Manhuaçu (MG), Jaguaraçu (MG), Ituguaçu (PE), Jambuaçu (PA), Ibitiguaçu (RJ), Peruaçu (MG), Paraguaçu (SP) e tantas mais.
Sendo o nome da cidade um tupinismo composto de dois radicais: mboi= cobra + “i” ou “y” = água e um sufixo adjetivo “mirim” = pequeno, conclui-se que a ortografia correta, obedecidos aos Acordos firmados em 1943, 1971 e 1990 (sendo que este último começou a ser posto em execução nacional em 2008) - e às leis que os oficializam – é Mojimirim. Conforme orientavam os Acordos anteriores, não houve modificação no uso do hífen nos tupinismos.
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Mogi com "g"
Analisando os componentes do nome Mojimirim constata-se que a grafia “Moji” com “g” é um radical de origem grega “mógis” que significa “com dificuldade”, “com sofrimento”, e que aparece no início de uma série de distúrbios físicos, como: mogiartria= dificuldades na fala; mogifasia= dificuldade na emissão de palavras; mogifonia= limitação na emissão de sons; mogigrafia = impossibilidade de mover os músculos do polegar e do indicador; mogilalia= gagueira; mogitocia= doença, dificuldade que ocorre durante o parto, etc.
Como consequência, a grafia do nome da cidade com “g” deixa de relacioná-la ao significado original que tem no tupi-guarani, ou seja: “água que imita a cobra com suas curvas”, “pequena cobra d’água” ou, como querem alguns, "rio pequeno das cobras” (referindo-se ao rio Mojimirim)?. O próprio "Vocabulário Tupi-Guarani” nas páginas 16, 227 e 228 explica que Mogi (Mogy)assim escrito em tupi, está errado, pois deverá então ser pronunciado “Mogüi”, motivo pelo qual deve ser escrito sempre com “J” = Moji, como citam explicitamente as fontes apropriadas para elucidarem a correta grafia das palavras.
Todavia, não há uma padronização dos documentos do município, sejam eles expedidos localmente ou mesmo pelo estado, por meio de instituições como a secretaria de segurança pública ou o Detran, que grafam o nome em diversas grafias, como Mogi Mirim, Mogi Mirim, Moji Mirim, Moji-Mirim etc. Tal obrigatoriedade da atualização ortográfica do topônimo reflete-se em seu gentilício, escrito com "j": mojimiriano.
Além das referências citadas neste texto, trazem ainda orientações sobre a correta grafia deste topônimo as seguintes fontes:
- “Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras”- (pág.166) – 1999.
- “Dicionário Aurélio “ 2ª edição – (pág.1149) – 1982.
- “Novo Dicionário Aurélio - Século XXI" - 3ª edição – (págs. 1013 e 1355) – 2.000.
- “Dicionário Houaiss” – 1ª edição (págs. 1488 e 1945) – 2001.
- “Não Erre Mais” – Luiz Antonio Sacconi – 25ª edição –(págs. 21 e 91)
- “Vocabulário Tupi-Guarani – Português” -6ª edição (págs. 227 e 228) 1998.
- “Ortografia Oficial” - Celso Pedro Luft – 9ª edição (pág. 392) 1990.
- “Revisão Gramatical” –Cândido de Olivieira – 11ª edição – (págs. 55 e 74) 1962.
- “Novíssima Gramática da Língua Portuguesa” – Domingos Paschoal Cegalla – 21ª edição (pág.27).
- “Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa” –Silveira Bueno – (pág.26).
- “Nossa Gramática em Testes e Exercícios” 1ª edição-(pág 14 e 17).
- “Gramática “ Faraco e Moura – (págs. 65 e 71) 1997.
- “Gramática em 44 lições” - Francisco Platão Savioli-3ª edição (pág.237) 1983.
- “Nossa Gramática” Luiz Antonio Sacconi – 4ª edição (págs. 14 e 66) 1982.
- “Dicionário das Dificuldades da Língua Portuguesa” –Domingos Paschoal Cegalla - (pág.439).
- “Novo Guia Ortográfico “ – Celso Pedro Luft – edições de 1974 e 1998 (págs. 41- 128 e 129).
- “Português no 1º grau “- Hermínio Sargentim – 3ª edição – 1990.
- “Curso de Gramática” – Ulisses Infante – 3ª edição – (pág. 55 ) 1996.
- “Português Sem Segredo” – Miriam M.Grisolia e Renata Carane Sborgia – 2ª edição (pág. 23 ) – 1999.
- “Dicionário Aurélio (míni) –século XXI – 4ª edição (pág.764) 2001.
- “Dicionário Míni” – Demerval R.Rios – edição 2008.
- “Dicionário Houaiss” – (págs.786 e 853) – 2004.
- “1.000 Erros de Português da Atualidade” – Luiz Antonio Sacconi – “Erro 65” = “Mogi” – corrigido para “Moji”; “Erro 66” =Mogi Mirim, corrigido para Mojimirim; “Erro 67” = Mogi Guaçu corrigido para Mojiguaçu. 2007.
- “Dicionário Aurélio –Míni (pág. 764) – 2009.
- “Dicionário Houaiss”(pág.863)- 2009.
- “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”- Academia Brasileira de Letras – 5ª edição – (pág.558) 2009.
- “Nomenclatura dos Municípios do Estado de São Paulo (Lei 8.092) - Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – 2012.
Referências de pesquisas
http://pt.wikipedia.org/wiki/
www.tribunabm.com.br/tocos-do-moji/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocos_do_Moji
As fotos contidas nesta pagina são de acervo particular.
Lu Rosa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tocos_do_Moji
As fotos contidas nesta pagina são de acervo particular.
Lu Rosa
o Blog esta um sucesso, o que Toninho fez por Tocos não é pra qualquer um não, lutou, lutou e realizou o sonho de emancipar o distrito parabéns, que a vitória possa trazer mais e mais coisas boas para a povo de Tocos do Moji eu voto 45
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTao do Gomeral Restaurante e Chopperia20 de agosto de 2018 17:44
ResponderExcluirSaudações. Li todo o post e o considerei todo muito bem escrito. Todavia, ainda me encontro sem conclusão sobre a pronúncia do toponímico, se Tocos ou Tócos (!). No aguardo da resposta, atenciosamente, Pedro Dixon.